quinta-feira, 27 de setembro de 2007

Grêmio Campeão da Copa do Brasil 2001








Grêmio - 12 jogos - 8 vitórias - 2 empates - 2 derrotas - 25 gols pró - 14 gols contra

  Goleadores do Grêmio Marcelinho Paraíba -6 Zinho - 5 Luiz Mário - 4 Anderson - 3 Marinho - 2 Rodrigo Mendes- 2 Warley - 2 Rubens Cardoso- 1 Eduardo Costa - 1 Copa do Brasil 2001 64 participantes 117 Jogos 371 gols 3,18 média de gols Artilheiros Washington (Ponte Preta) - 11 gols França (São Paulo) - 8 gols Éwerthon (Corinthians) - 7 gols Marcelinho (Corinthians) - 6 gols

Jornais e Revistas









Wianey Carlet : "TITE, TETRA, TCHÊ

  Dois títulos em três competições disputadas, nada mal para um time que até três meses atrás era tido como incapaz de grandes proezas. Ontem foi no Morumbi, contra o poderosíssimo Corinthians, do não menos poderoso fundo de pensão norte-americano, tradicional clube do riquíssimo Estado de São Paulo e dono de uma das mais fiéis torcidas do país. Agora já são seis títulos nacionais, o que faz do Grêmio um supercampeão, três deles buscados fora do Olímpico, fato que credencia o clube como um autêntico vencedor, seja em que terreno for. Esta Copa do Brasil te sotaque gaúcho, tchê! É a quarta do Grêmio e a primeira do senhor Adenor Bachi, o excepcional Tite, que em seis meses organizou em grande time e já atravessou no peito duas faixas de campeão. A Copa do Brasil deste ano tem em grande vencedor. Nem o mais desvairado corintiano pode negar. O Brasil é azul. Na São Paulo do apagão, Tite apagou a estrela de Luxemburgo. Tite é tetra, tchê! Para tornar-se o clube brasileiro que mais conquistou títulos nacionais, o Grêmio contou como principal arma o seu apego pelo futebol de alta competitividade. Sempre que conseguiu sintonizar-se com a sua histórica identidade, como está conseguindo, chegou a grandes conquistas. Desta vez os gremistas não têm autoridade para repetir que tudo é sofrido na vida do Grêmio. O título de ontem foi conquistado quase sem dor. E o escore de 3 a 1 só não pode ser tido como injusto porque uma goleada não foi aplicada por exclusiva culpa do próprio Grêmio. Tivesse convertido metade das chances construídas no primeiro tempo e o Morumbi teria desabado em uma das mais humilhantes jornadas do futebol paulista. Foi um totó histórico. A excepcional força coletiva do Grêmio acabou destacando algumas figuras que foram essenciais na conquista do título. Marinho, Marcelinho e Danrlei foram, possivelmente, as mais visíveis. Mas esteve na experiência serena de Zinho e de Mauro Galvão a razão silenciosa do sucesso gremista na Copa do Brasil. O terceiro gol do Grêmio foi umas das mais primorosas obras coletivas que se tem visto por aí. Zinho, Fábio Baiano e Marcelinho tabelaram com a graça e a leveza de um movimento de balé. É verdade que Scheidt já tinha sido cantado pela torcida gremista pro sua expulsão, mas esta é outra história." (Wianey Carlet. Zero Hora, 18 de junho de 2001)
PRESSÃO TOTAL O Grêmio foi campeão no Morumbi, como em 1981, de meias azuis, como em 1983. E ainda dando uma lição a todo o Brasil, sobre como jogar futebol no novo século POR PAULO VINÍCIUS COELHO O capitão Zinho comemora com Danrlei: É tetra, é tetra! Foi no Morumbi que o Grêmio conseguiu sua primeira conquista nacional. Qualquer gremista se lembra de Renato Sá ajeitando de cabeça e Baltazar fuzilando o são-paulino Waldir Peres, há 20 anos. Foi com calções brancos e meias azuis que o Grêmio entrou em campo em Tóquio, para a final do Mundial Intercliubes de 1983, contra o Hamburgo, da Alemanha. Foi esse o uniforme, no lugar dos tradicionais calções pretos e meias brancas, que se confundiam com o uniforme dos alemães. O Grêmio de 2001 tinha as meias azuis e o Morumbi como palco. E, se os campeões do passado não conseguiram se livrar da discriminação dos paulistas, que sempre procuravam um defeito em cada conquista - em 1981, o time era defensivo, em 1983, um exército cheio de jogadores de aluguel - aversão 2001 do Grêmio tem muito a ensinar ao Brasil. Na equipe de Tite, a defesa ataca, como mostrou Marinho, zagueiro de chuteiras brancas, no primeiro gol. E o ataque defende, como ficou claro nas duas partidas das finais contra o Corinthians. No Morumbi, Marcelinho e Luiz Mário não permitiam que João Carlos e Scheidt começassem as jogadas pelo chão, como o Corinthians se habituou. Zinho vigiava Marcos Senna, Ânderson e Rubens Cardoso protegiam os avanços de Rogério e Kléber. E ainda tinha Zinho fechando a saída dos volantes Marcos Senna e Otacílio (ele precisava?). Ah, mas o Corinthians tem Marcelinho Carioca, Ricardinho, Ewerthon e Müller, diria o mais fanático torcedor paulista. Tinha, responderia o técnico Tite. Porque Müller e Ewerthon mal puderam jogar, tão marcados que foram por Roger e Marinho, no Morumbi - Mauro Galvão ficava na sobra. Para completar, Ânderson Polga não dava sossego a Marcelinho Carioca e Tinga... Bem, Tinga armava, desarmava e ainda não deixava Ricardinho pegar na bola. "Marcamos a saída de bola contra times que saem com bola no chão", dizia Tite, antes da final. Quem avisa amigo é. Como os corintianos não ouviram, tiveram de dar bicos da defesa para o ataque, rifar a bola e entregá-la de bandeja para o Grêmio ser campeão. Pressionando, o Grêmio forçava o erro do adversário. E João Carlos, como se tivesse nascido em Porto Alegre vestido de azul, deixou para Marcelinho rolar para trás, para Zinho marcar o gol do tetracampeonato da Copa do Brasil. Uma semana antes, Zinho avisou: no dia de seu 34° aniversário, queria o título da Copa do Brasil como presente. Teve mais. Ganhou o prêmio de melhor jogador em campo. Fruto de um cruzamento perfeito para o primeiro gol, de Marinho, do segundo gol que marcou de pé esquerdo e de um passe milimétrico que iniciou a jogada do gol do título, marcado por Marcelinho Paraíba. Fechou o placar em 3 x 1. Sim, porque houve um único cochilo, que permitiu a Ewerthon fazer para o Corinthians, aos 29 minutos do segundo tempo, tempo suficiente apenas para o Grêmio passar 16 minutos jogando em seu velho estilo. Em vez de marcar no campo de ataque, fechar espaços na defesa. Em vez de forçar o erro do rival, atraí-lo para seu campo e sair em velocidade. Como autêntico time copeiro, coisa que o Grêmio sempre foi. E, como copeiro, agora já se credencia para novas jornadas. Depois de três anos, o time volta à Copa Libertadores. É tempo, então, da América aprender com o time da pressão total.
Verdadeiro nó tático TOSTÃO COLUNISTA DA FOLHA Raramente o esquema tático de uma equipe é o fator determinante no resultado de uma partida de futebol, como o da vitória do Grêmio sobre o Corinthians. No jogo, o chavão "nó tático" nunca foi tão verdadeiro. Tite, técnico do time gaúcho, já tinha usado o mesmo laço para dar um nó no Vadão, treinador do São Paulo, no mesmo estádio do Morumbi. Vadão ficou tonto, nocauteado, perdeu o emprego e ainda não retornou ao trabalho. O nó que Luxemburgo recebeu do Tite foi tão apertado que o técnico do Corinthians ficou paralisado. De vez em quando soluçava. Só não perdeu a pose. Não parava de ajeitar os óculos, como fazem os pseudo-intelectuais. O Grêmio deu um baile no Corinthians. Escalou três zagueiros, sendo um na sobra, adiantou a marcação, pressionou, tomou a bola com facilidade no meio-campo e esteve sempre próximo ao gol do Timão. A vitória do Grêmio foi a do novo e verdadeiro futebol moderno sobre o velho e ultrapassado esquema tático tradicional brasileiro. De onde Tite tirou a inspiração para a brilhante maneira de jogar de seu time? Não me refiro ao desenho com três zagueiros e dois alas. Foi o que menos importou. Não teve nada de novo e especial. O mais importante foi a espetacular marcação e facilidade com que o Grêmio dominou a partida e criou situações de gol. O time gaúcho repetiu a filosofia tática da seleção argentina -única do mundo que marca pressionando em todas as partidas. A França, que não usa o esquema com três zagueiros, alterna a marcação por pressão com o recuo e contra-ataque. Os franceses são mais prudentes e racionais do que os apaixonados argentinos. Encantam menos, porém jogam com mais segurança. O início da filosofia de marcação por pressão começou na Copa de 1974. Cruyff conta que, 15 dias antes do Mundial, o técnico holandês Rinus Michels reuniu os jogadores e resolveu fazer algo diferente, surpreendente, já que não dava tempo para treinar o trivial. Os treinadores comuns, normais, fariam o contrário. Os holandeses decidiram se divertir na Copa. E encantaram o mundo. O técnico colocou a defesa, o meio-campo e o ataque bem próximos. Adiantou a marcação e congestionou o meio-campo. Quando o adversário ia dominar a bola, havia um bando de holandeses. Parecia uma pelada. Tomavam a bola e, com velocidade e habilidade, chegavam ao gol adversário. Até os zagueiros se transformavam em atacantes. Uma deliciosa e eficiente loucura tática. Acabaram a Copa e o sonho. Algumas equipes espalhadas pelo mundo tentaram imitar a Laranja Mecânica, mas não deu certo. Não conseguiam repetir a marcação. Levaram muitas goleadas. Era o fim da utopia e do futebol total. No entanto, aquela gostosa loucura ficou no inconsciente coletivo do futebol. Era preciso recuperar o sonho, mesmo que distorcido. Há alguns anos, criou-se algo parecido. Algumas equipes, como a Argentina, em vez de recuar e fechar os espaços defensivos, passaram a pressionar e marcar a saída de bola do adversário. É um esquema de alto risco. Se a marcação for vencida no meio-campo, a defesa fica desprotegida. Para diminuir esse problema, é essencial um zagueiro na sobra. Outro problema é o cansaço. É impossível jogar dessa maneira durante 90 minutos. Se o time perder o primeiro tempo, terá muitas dificuldades em inverter o placar. Para fazer bem essa marcação, são necessários treinos e a participação de todos os jogadores, inclusive dos atacantes. Quando estão perdendo, os técnicos brasileiros correm para a lateral do campo para gritar e pedir a marcação na saída de bola. Não adianta. Os jogadores não têm o hábito de executá-la. Essa postura independe do desenho tático. Pode-se utilizá-la com três ou quatro zagueiros. Como a maioria das equipes utiliza dois atacantes fixos, não é preciso mais do que uma linha com três zagueiros. Antes da vitória do time gaúcho, Felipão disse que pretendia escalar três autênticos zagueiros, o que é bem diferente de recuar um volante no momento da jogada, como fazem os técnicos brasileiros. O volante corre para trás e chega sempre atrasado. Os zagueiros estão de frente, olhando o passe, a bola e o atacante. Parece que o Scolari mudou de idéia por causa da provável ausência do Antônio Carlos. O zagueiro da Roma não é tão especial assim para a definição do esquema tático depender de sua presença. Muito mais importante do que o desenho tático será a filosofia ofensiva ou defensiva do treinador. Se o time jogar com três zagueiros recuados, mais dois volantes na frente e os alas como se fossem laterais, terá oito defensores e dois atacantes isolados. É isso que fazem os técnicos brasileiros quando jogam nesse esquema. Viram o galo cantar e não sabem onde. Sugiro que Felipão convide o Tite, técnico do Grêmio, para auxiliá-lo. Poderia, inclusive, ocupar a vaga do Antônio Lopes, já que a função de coordenador técnico é decorativa. A seleção ganharia um bom reforço.
Trator gaúcho JOSÉ GERALDO COUTO COLUNISTA DA FOLHA Nem o mais fervoroso corintiano haverá de negar: o Grêmio deu um "banho de bola" no Corinthians. O placar de 3 a 1 foi até modesto para traduzir o desnível entre os dois times. A equipe gaúcha congestionou o meio-campo e marcou em cima os principais articuladores adversários -Marcelinho e Ricardinho-, obrigando o time alvinegro a apelar para a sempre inócua "ligação direta" entre os zagueiros e os atacantes. Quando retomava a bola, o Grêmio partia rapidamente para o ataque, quase sempre com Zinho ou Marcelinho. Ambos estavam em tarde inspirada, mas pecaram nas finalizações, para sorte do Corinthians. A ausência de André Luiz -meia-lateral com habilidade e visão de jogo- ajuda a explicar a dificuldade corintiana de sair para o jogo. Nunca ficaram tão evidentes as limitações técnicas de Otacílio, de Marcos Senna e de Rogério. Pereira, mais técnico que os três, deveria, a meu ver, ter começado jogando. Seria fácil também responsabilizar a defesa corintiana pela derrota, já que nos três gols gremistas houve falhas dos zagueiros. No primeiro e no terceiro, o erro foi de colocação, deixando o adversário livre para finalizar. No segundo gol, João Carlos -xodó de Luxemburgo, da Fiel e de grande parte da mídia- mostrou toda a sua falta de intimidade com a bola. Mas a razão principal do resultado foi mesmo a excelente atuação do Grêmio, tanto em termos táticos quanto técnicos. Mesmo antes da expulsão de Scheidt, parecia haver mais gremistas em campo. É uma pena que Marcelinho Paraíba esteja de partida para a Alemanha. Confirma-se com isso o triste destino dos clubes brasileiros da atualidade, que raramente conseguem manter um time de qualidade por mais de uma temporada. Quanto ao Corinthians, o balanço do semestre foi altamente positivo, sobretudo se lembrarmos que no início do ano a equipe apanhava mais do que índio em filme de faroeste. Perder a final da Copa do Brasil foi importante para arrefecer um pouco a falta de modéstia em torno do time e, principalmente, de seu treinador. Terminada a festa, é hora de cair na real: o Corinthians de hoje está longe de ser o supertime de dois anos atrás, e Wanderley Luxemburgo está longe de ser o santo milagroso pintado por certas crônicas esportivas. Para voltar a ser verdadeiramente poderoso e conquistar um lugar na Taça Libertadores, o clube do Parque São Jorge terá que se reforçar em algumas posições: no gol, na zaga, na lateral direita e no meio-campo (refiro-me a um volante). E Luxemburgo terá que ser avaliado pelo que vale, e não pelo que pensa que vale. A propósito: foi constrangedor ver Falcão e Casagrande tentando eximir o técnico de responsabilidades pela derrota diante do Grêmio. Então tá. Quando o time ganha, o mérito é de Luxemburgo; quando perde, a culpa é dos jogadores. Assim, até eu. Um lance para guardar na memória: Mauro Galvão, 39 anos, mancando visivelmente, olha para o banco e pergunta quanto falta para acabar o primeiro tempo. Havia esperança de que o intervalo fosse suficiente para a recuperação. Não deu. Ficou a imagem de um grande jogador e um homem de fibra.Paulo Roberto Falcão
Publicado em 18/6/01 - Zero Hora "Banho Completo O Grêmio deu um nó tático no Corinthians, um show de preparo físico e ainda hogou um futebol de compeão. Marcou o adversário no seu campo no primeiro tempo, como já havia feito com o São Pauloe construiu o resultado com absoluta naturalidade, aproveitando-se dos erros de uma defesa que não conseguia sair jogando nunca. Depois, administrou como quis a vantagem, ragindo ao sufoco corintiano na metade do sgundo tempo com um terceiro e decisivo gol. Ao conjugar um técnico jovem com um time experiente, o clube encontrou a fórmula do sucesso e comprovou mais uma vez que a Copa do Braisl é a sua competição preferida. No ano em que perdeu o raro talento de Roanldinho, o Grêmio redescobriu a força do conjunto. Chegou ao título sem depender de um ou dois jogadores. Pelo contrário, o grupo é que acabou sendo o destaque, pois a cada perda de um jogador importante sempre entrou em campo outro que deu conta do recado."

Festa em Porto Alegre


Festa em São Paulo





Tabela Final

quarta-feira, 26 de setembro de 2007

Final - Corinthians 1 x 3 Grêmio








CORINTHIANS: Maurício; Rogério (Andrezinho 21/2), Scheidt, João Carlos, Kléber; Otacílio; Marcos Senna (Pereira 01/2); Ricardinho, Marcelinho Carioca; Müller (Gil 02/2), Éwerthon. Técnico: Vanderlei Luxemburgo

GRÊMIO: Danrlei; Marinho, Mauro Galvão (Alex Xavier 01/2), Roger, Anderson Lima (Itaqui 35/2); Anderson Polga; Tinga; Zinho; Rubens Cardoso; Luís Mário (Fábio Baiano 10/2); Marcelinho Paraíba.
Técnico: Tite

Data: 17/06/2001, Domingo, 15h00min
Local: Morumbi, São Paulo
Juiz: Antonio Pereira da Silva-GO
Cartões Amarelos: Roger, Anderson Lima
Gols: Marinho 42/1T, Zinho 01/2T, Éwerthon 29/2T, Marcelinho Paraíba 42/2T